Bom dia galera. Hoje estamos trazendo uma matéria super legal sobre intestino neurogênico. Este material foi produzido pela nossa enfermeira e mielo Alice. Obrigado querida pela dedicação à este blog.
Os intestinos
são, na verdade, dois órgãos bem distintos, que atuam em conjunto, combinando
ação muscular e enzimática, para a finalização do processo de digestão, e na
formação e eliminação das fezes.
Intestinos
versão “normal”
Logo após o
bolo alimentar passar pelo estômago, é no intestino delgado que ocorre a principal parte da digestão. Ao longo
dos seus 7 a
8m, ocorre um complexo processo mecânico
e químico de quebra e absorção de quase todos os nutrientes disponíveis,
com exceção da água, que atua como um facilitador. Este processo é, também, muito
potencializado pelos 3cm de diâmetro, e especialmente pelas inúmeras pregas presentes
nas paredes do órgão (vilosidades e microvilosidades), as quais aumentam de
forma espantosa a área de contato com o alimento. Rapidamente forma-se uma
pasta fermentada de bactérias, fibras vegetais e detritos, que segue viagem
rumo ao Intestino Grosso.
Intestinos Neurogênicos
Quando se fala
em “intestino neurogênico”, o foco está quase sempre voltado para o processo de
eliminação, uma vez que a digestão, realizada no intestino delgado, em pouco,
ou em nada é afetada pela lesão medular. Já esta é uma situação bastante
presente, independente da causa relacionada ou altura da lesão, e gera alta
prevalência de queixas gastrointestinais e impacto negativo na qualidade de
vida. O aporte nervoso requerido pelo sistema excretor, e que pode estar
lesionado, envolve diferentes vias em diferentes alturas do sistema nervoso
central. Ao mesmo tempo, há uma autorregulação, neurológica e endócrina
(hormônios).
Existem basicamente dois tipos de intestino neurogênico:
- Espástico ou Reflexo:
Os movimentos
intestinais (peristalse) estão preservados, mas a informação de plenitude do
cólon sigmóide e reto não chega ao cérebro. A abertura do esfíncter interno
acontece de forma reflexa, mas o externo permanece fechado até que as devidas
manobras sejam efetuadas.
- Flácido ou arreflexa:
Observa-se a redução da peristalse,
e da resposta de ambos os esfíncteres, que tendem a permanecer abertos,
possibilitando o esvaziamento repentino do reto.
O Manejo do intestino neurogênico
Um
programa de reeducação intestinal bem planejado visa prevenir tanto a
constipação quanto os eventos intestinais não planejados, levando ao retorno do
controle da função corporal e social adequados. Corresponde
a um planejamento global de todos os aspectos da vida cotidiana, incluindo
Dieta, Ingesta hídrica, Atividades, Medicações, Freqüência e Regularidade das
evacuações em quantidade adequada, e Uso de técnicas programadas e auxiliares
para o funcionamento intestinal. Entende-se como evacuação adequada, aquela que
resulta em esvaziamento completo, desde o cólon descendente, sem a ocorrência
de lesões, e em um tempo admissível dentro da rotina diária.
Começa com uma massagem
abdominal que estimula e acelera a peristalse, sendo aplicada força vigorosa a
ponto de gerar uma sensação de aquecimento local sem, no entanto, danificar a
pele ou pressionar superfícies ósseas. A automassagem é recomendada em duas
sessões diárias, de 20 a
30 minutos cada, em movimentos circulares da direita para a esquerda. A posição
sentada, ou deitada sobre o lado esquerdo, ajuda a relaxar e abrir o esfíncter
anal externo, alinhar o reto e desencadear a peristalse. O assento mais
adequado para este momento é desenhado para que, além disso, haja uma projeção
e alinhamento do reto, somada à compressão das nádegas.
Acrescentando
eficiência às manobras abdominais, realiza-se:
- Estimulação
mecânica delicada, com um dedo ou um instrumento próprio devidamente
enluvado e lubrificado: dígito-anal (ao redor da região anal), seguida da
dígito-retal intermitente (em direção ao umbigo), de duração máxima de um
minuto, cujo resultado é a evacuação
manual.
- Estimulação química, com medicações laxantes orais, supositórios, ou enemas, são recomendadas em situações especificas, levando-se em consideração o risco para diarréia, desidratação, flatulência, distúrbios de sais minerais e insuficiência renal e dor abdominal. Dentre as complicações crônicas, a mais preocupante é a dependência de laxantes. Os laxantes irritativos ou estimulantes produzem seu efeito como resultado de estimulação da contratilidade do intestino. Como resultado desse mecanismo de ação, produz algum grau de lesão neurológica no intestino. Também, alguns tipos de laxantes prejudicam a absorção de determinados medicamentos.
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